Promotores franceses estão buscando uma pena de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot, que supostamente drogou sua ex-esposa, Gisèle Pelicot, por mais de uma década e orquestrou o estupro convidando 50 homens recrutados online. Este caso atraiu atenção pública significativa, gerando discussões críticas sobre cultura do estupro e consentimento.
Detalhes das alegações
Dominique Pelicot, que confessou as acusações, também enfrenta uma recomendação para 10 anos de tratamento médico. A promotora Laure Chabaud enfatizou que, embora uma sentença de 20 anos seja substancial, ela pode não refletir a gravidade dos delitos cometidos. Ela afirmou que Pelicot exibia “múltiplos desvios sexuais”, com base em uma avaliação psiquiátrica fornecida durante o julgamento.
Chabaud articulou sua crença de que Pelicot buscava gratificação por meio da humilhação de sua esposa, minando seu relacionamento. Ela argumentou por uma reavaliação completa antes de sua potencial libertação após cumprir sua sentença.
Outro promotor, Jean-François Mayet, observou que este julgamento transcende a culpa ou a inocência individual; ele visa provocar uma mudança fundamental na dinâmica de gênero da sociedade.
Gisèle Pelicot tem comparecido regularmente aos procedimentos judiciais desde que eles começaram em setembro e optou por renunciar ao seu anonimato. Esta decisão intensificou o interesse no caso e destacou questões em torno da submissão química, onde drogas são usadas para coagir indivíduos a obedecer.
Impacto social e resposta governamental
Os espectadores responderam fervorosamente; cartazes exigindo “20 anos para todos” apareceram ao redor do tribunal de Avignon, onde o julgamento está ocorrendo. No entanto, é improvável que todos os 50 réus recebam sentenças que se aproximem dessa duração. Os promotores pediram 17 anos para Jean-Pierre Marechal, um co-réu culpado de drogar e agredir sua ex-esposa sob a orientação de Pelicot.
A maioria dos réus restantes contesta suas acusações, alegando ignorância do estado incapacitado de Gisèle. Chabaud afirmou que, na sociedade moderna, é inaceitável sugerir que silêncio equivale a consentimento.
À luz desses procedimentos, o Primeiro Ministro Michel Barnier descreveu o caso como um momento crucial na luta da França contra a violência contra as mulheres. Ele anunciou novas iniciativas governamentais voltadas para combater tal violência, incluindo financiamento para farmácias fornecerem kits de teste de drogas em casa como parte de um programa piloto abordando a submissão química.
O julgamento em andamento está se aproximando da conclusão, com argumentos finais esperados nas próximas três semanas. Um veredito é esperado para 20 de dezembro, marcando uma conjuntura significativa nos contextos legal e social em torno da violência de gênero na França.